domingo, 18 de abril de 2010

As setas amarelas

Elias Valinã Sampedro, o cura de O Cebreiro (localidade que se encontra em Espanha no caminho Francês) como gostava que o chamassem, foi o nosso grande mestre das técnicas de sinalização, foi ele que dedicou longos anos da sua vida ao estudo e investigação do Caminho de Santiago.
Elias Valinã Sampedro nasceu em Lier município de Sarria (Lugo) a 2 de Fevereiro de 1929, aos 12 anos ingressa no seminário de Lugo e ai se mantém até finalizar os seus estudos eclesiásticos em 1953, para ampliar a sua formação em 1957 matricula-se na Faculdade de Direito Canónico da Universidade de Pontifícia de Comillas licenciando-se em 1959. A partir daqui Elias Valinã dedicou toda a sua vida á comarca de O Cebreiro e também ao estudo e investigação do caminho de Santiago. Entre 1961 e 1962 realizou os cursos de doutorado da Universidade Pontifica de Salamanca elaborando uma tese sobre “O Caminho de Santiago Estudo Histórico e Jurídico” defendendo-a mais tarde a 5 de Maio de 1965 nesta mesma Universidade.
Elias Valinã gostava imenso de conversar com os peregrinos que habitualmente passavam pela sua comarca, e com grande frequência lhe questionavam sobre por onde seguia o Caminho de Santiago, então em 1984 Elias Valiña teve uma ideia genial, aproveitando uma quantidade de tinta, que por acaso era amarela, e que lhe foi oferecida sendo os restos de umas obras começou a sinalizar todo o caminho desde França até Santiago de Compostela com setas amrelas, este trabalho de sinalização veio a ser uma grande ajuda para todos os peregrinos que seguem este caminho santo, quando Elias Valiña seguia no seu velhinho Citrien no Pirinéus e com as tintas amarelas, foi questionado pelas autoridades sobre o que fazia, respondendo ele aos policias “estou a preparar uma grande evasão”. De facto esta norma implantada por Elias Valiña de sinalizar o caminho com setas amarelas veio a espalhar-se por todos os caminhos espalhados pela Europa sendo uma valiosíssima ajuda aos milhares de peregrinos que percorrem esses caminhos em direcção a Santiago. De referir que Elias Valinã não pintou as setas por onde queria mas sim depois de muito estudo investigação, foi ele que teve que limpar e recuperar imensos troços para encontrar o verdadeiro caminho histórico de peregrinação. No entanto nos dias de hoje, por vezes vemos setas amarelas pintadas por um caminho em que nos coloca a duvida se quem as pintou também teve o cuidado de saber de facto se esse era o verdadeiro caminho de peregrinação!!!
Foi também Elias Valiña que deu origem ás primeiras Associações do Caminho de Santiago e que também hoje se vêm espalhas pelos quatro cantos do mundo, como ele quis deixar presente todos unidos partilhamos a mesma paixão, a ajuda e informação aos peregrinos.
Elias Valiña morreu em Dezembro de 1989 deixando-nos este seu valiosíssimo trabalho de sinalização, o despoletar das associações do Caminho de Santiago, assim como imensos livros e guias do Caminho de Santiago, a ele o nosso muito obrigado.

As setas amarelas em Grijó

A Vila de Grijó é atravessada pelo Caminho de Santiago, as setas amarelas indicam a direcção do caminho histórico de peregrinação que ao longo dos anos tem levado milhares de peregrinos até á Catedral de Santiago, todos os anos a nas mais variadas épocas vemos inúmeros peregrinos cruzar a nossa Vila. Visto não haver uma data em particular para fazer a peregrinação a Santiago, é no entanto mais frequente ver peregrinos nos meses de verão quer pelas condições climatéricas quer pela disponibilidade de tempo, sendo muitos aqueles que aproveitam as suas férias para percorrer este caminho.
Um dos relatos mais antigos que temos de peregrinos que cruzaram a Vila de Grijó, é o de Gianbattista Confalonieri um padre Italiano que em 20 de Abril de 1594 iniciou a sua peregrinação a pé de Lisboa a Santiago da Galiza como era referido na época, no dia 26 de Abril Gianbattista Confalonieri terá pernoitado no nosso belíssimo Mosteiro de Grijó, após ter chegado a 3 de Maio de 1594 a Santiago Gianbattista Confalonieri fez a viagem de regresso de Santiago a Lisboa novamente a pé e pernoitou de novo no Mosteiro de Grijó em 11 de Maio de 1594.
Este é o relato mais antigo que está escrito, no entanto haverá com certeza outros ainda mais antigos mas que não se encontram escritos, recorde-se que após a descoberta dos resto mortais dos aposto São Tiago no ano 813 começaram a peregrinar gentes de toda a Europa, o Caminho Português torna-se importante a partir do século XII e ajudou a consolidar as rotas e promover e intercâmbio e económico entre Portugal e Espanha.

sexta-feira, 2 de abril de 2010