Muito pesquisei sobre este assunto antes de fazer o meu primeiro caminho, felizmente encontrei alguns conselhos teóricos que me ajudaram a entender alguns pormenores que se vieram a tornar decisivos, deixarei aqui a minha experiencia vivida ao longo das minhas peregrinações e que me ajudaram de certa forma a que até aos dias de hoje, não conhecer ainda o incomodo doloroso de ter de caminhar com bolhas nos pés. Já me cruzei com diversos peregrinos em que dava medo só de olhar para aqueles pés e o sofrimento vivido na sua caminhada, superado unicamente pela fé que nos leva a rumar ao nosso destino.
AS BOLHAS
No meu primeiro caminho utilizei apenas meias de algodão, oferecidas com um carinho muito especial da minha mãe, embora tendo exagerado nos km a andar durante o dia (o erro fatal de muitos pés) as meias tornaram-se um bom aliado sendo apenas de salientar o cansaço fruto dos km a mais que não deveria ter percorrido. Mais tarde vim a descobrir na “Decathlon” as meias que hoje me acompanham em todas as minhas peregrinações, são meias próprias para grandes caminhadas em que são constituídas por 77% Poliéster, 16% Poliamida e 2% Elastano, são de facto umas meias muito boas o único inconveniente é o seu preço demasiado caro, no entanto a protecção dos pés merecem com certeza o melhor para que se possa caminhar com conforto e sem dores. Uma outra experiencia que me deu muitos bons resultados foi o de manhã antes de iniciar a caminhada massajar bem os pés com vaselina esterilizada, depois calçar um par de meias finas de algodão e por cima as referidas meias de caminhada, bom tudo isto aliado a um bom calçado e uma boa forma física são sem duvida os melhores argumentos para fazer muitos km a pé. Na aquisição das meias lembrem-se que é sempre preferível comprar um número abaixo do que habitualmente usamos para que a meia esteja sempre justa ao pé e sem criar encorrilhas o que pode levar a criar bolhas.
Quando pensei em fazer o meu primeiro caminho, ainda com alguns meses de antecedência comprei um bom par de sapatilhas de uma marca conceituada e durante todo o tempo que antecedia a minha peregrinação foi dando uso ás mesmas para que estivessem bem usadas e moldadas aos pés quando inicia-se a peregrinação. Com esse calçado percorri os 200 km que nos separam de Fátima sentindo-me muito bem a caminhar com elas, no ano seguinte e com as mesmas sapatilhas foram mais 250 km até Santiago de Compostela e aqui também com uma boa gestão dos km a percorrer durante o dia chegava sempre ao fim do dia com vontade de andar ainda mais. Mais tarde na passagem de mais um aniversário recebi umas botas de caminhada de presente de uma pessoa que recordo com carinho, andei com elas durante três meses antes de fazer um novo caminho, aqui vem mais um ensinamento importante os três meses que se antecederam foram muito pouco e neste caminho os pés e as pernas sofreram bastante, sem no entanto criar bolhas apenas cansaço, ou será que as botas para mim não eram tão confortáveis como as sapatilhas?
Mais tarde mais um novo caminho, insisti novamente em levar as botas pois já estavam mais usadas e também queria saber se de facto o problema tinha estado na falta de uso das botas ou se estas não eram para mim o calçado mais adequado. Hoje após ter vivido estas experiencias recomendo vivamente as botas, o problema tinha de facto estado na falta de uso, três meses não é suficiente para dar uso a um claçado antes de iniciar uma caminhada e para mim hoje que preparo um novo caminho as botas serão sempre as minhas aliadas em conjunto com as já referidas meias.
Um ultimo aspecto que me parece importante de referir, é na aquisição do calçado, que deve ser sempre feito na parte da manhã antes de ter os pés eventualmente inchados, e este calçado deve ser justo aos pés sem no entanto serem apertados, note-se que ser justo não é ser apertado, o ser justo vai evitar que os pés andem demasiado soltos dentro do calçado o que poderia levar a criar as tão indesejáveis bolhas.
Bom esta foi a minha exclusiva experiencia e opinião, espero de algum modo poder colaborar com todas as dúvidas que os peregrinos possam ter quanto a este assunto, a todos desejo um BOM CAMINHO