domingo, 12 de outubro de 2008

Caminho de Santiago


Um ano se passou após ter feito o caminho de Fátima, durante todo esse tempo fui preparando esta minha peregrinação recolhendo informação através da Internet. Quando no dia 15 de Agosto entrei de férias a mochila já estava pronta e as sapatilhas também. Decidi sair do Carvalhido (Porto) rumo a Santiago de Compostela eram 10h00 da manha, após a primeira meia hora de caminhada logo encontrei as primeiras setas amarelas a indicar o caminho, achei incrível e ao mesmo tempo tomei isso como uma diversão a procura das mesmas que me seguiram até ao meu destino.
Foram 7 os dias que necessitei para chegar a Santiago de Compostela, pelo caminho vi coisas maravilhosas, este caminho é muito diferente do de Fátima, caminhamos muito tempo por fora de estrada pelo meio de campos e montanhas verdejantes que me encantaram com tanta beleza e que tentei guarda-las todas na minha mente e nas fotos que ia tirando. Também me cruzei com muitos outros peregrinos, alguns deles ficarão para sempre como amigos da jornada, um desses amigos fui encontra-lo num episódio engraçado, ele dirigiu-se a mim falando inglês e como sei pouco desta língua respondi-lhe em francês que também ele não era grande sabedor, depois de tentarmos arranhar ambas as línguas a dada altura da conversa soltei uma frase em português a que ele com espanto me responde, há… você afinal também é português! acabamos a rirmo-nos um para o outro pela situação criada, e assim conheci o Bruno.
Para se fazer o caminho de Santiago deve-se recorrer á Associação Espaço Jacobeus em Braga para solicitar a credencial de peregrino, que alem de nos dar entrada nos diversos albergues, também nos permite a recolha de carimbos pelas zonas onde passamos criando assim um histórico da peregrinação e ao mesmo tempo para solicitar na oficina do peregrino na catedral de Santiago, a Compostela documento em latim que prova a nossa peregrinação.
Quando cheguei a Santiago de Compostela senti uma imensa alegria por ter conseguido superar as dificuldades dos 250 km que me separavam á partida do Porto.
Foi maravilhoso e para mim este caminho ainda agora começou...


domingo, 5 de outubro de 2008

Caminho de Fátima



Tinha apenas 5 anos de idade, quando pela primeira vez os meus pais me levaram a Fátima, dai em diante ficou o hábito de esta acção se repetir anualmente e já lá vão 42 anos em que não me lembro de ter faltado um ano. Após vários anos a ver peregrinos que faziam este caminho a pé, cada vez mais sentia a vontade de também eu um dia o fazer. E então a 1 de Julho de 2007 com a mochila ás costas (oferecida pela Otília que me apoiou nesta minha iniciativa) eis que me faço ao caminho, eram 9h00 da manhã quando sai de minha casa em Grijó com destino a Fátima sozinho.
1ª Etapa – Grijó / Albergaria-a-Velha
Era a minha 1ª experiência em caminhadas de longa distancia, sempre optei por ir só pois assim posso manter o meu próprio ritmo sem ter que depender ao fazer alguém depender de mim, optei por parar apenas para almoçar em S. João da Madeira, e durante todo o resto da etapa não parei, quando cheguei a Albergaria estava demasiado cansado os músculos começaram a doer, foi a uma farmácia por recomendação da Cláudia, comprar “Voltaren” para por nos músculos e aliviar as dores.
2ª Etapa - Albergaria / Mealhada
Quando comecei a caminhar os músculos ainda doíam um pouco, mas depois de aquecerem deixaram de doer, com receio que as dores voltassem optei novamente por não parar a não ser para almoçar ou para massajar os músculos com “Voltaren”, esta opção veio a tornar errada pois quando cheguei á Mealhada estava completamente de rastos mal consegui subi os degraus do restaurante para ir jantar eram umas dores terríveis, foi aqui que pensei em desistir, afinar não tinha nenhuma promessa e poderia desistir a qualquer altura, aqui meditei bastante nas pessoas que fazem este caminho com promessas o dever é não desistir! Quando acordei no dia seguinte e apesar dos músculos ainda doerem, senti uma enorme força para não desistir e continuar o caminho, sapatilhas nos pés e ai vou eu…

3ª Etapa – Mealhada / Condeixa
Nesta etapa alem do “Voltaren” fui também á farmácia comprar “Elmetacim” para aliviar as dores, atravessar Coimbra foi terrível, quase todo o dia a caminhar na cidade ou nos arredores, a pé é que vemos como as cidades são grandes, cheguei ao Hotel como o costume para não variar, demasiado cansado, agora alem dos músculos também pés começavam a dar sinais de fadiga no entanto e felizmente nada de bolhas.
4ª Etapa – Condeixa / Pombal
A vontade de fazer o caminho era mais forte do que a de desistir, ignorar as dores era a melhor solução, cheguei a Pombal cedo mas não devia continuar, pois falava-se que a partir daqui ía entrar em atalhos o que me era totalmente desconhecido, aqui aconteceu-me um episodio insólito, fui ao restaurante jantar e quando puxo pela carteira para pagar… onde esta a carteira! Tinha-a perdido, todos os documentos, dinheiro, cartões Multibanco e de crédito… não acredito!!! Tive que explicar o sucedido á dona do restaurante, não tinha dinheiro para pagar o jantar, e apesar do seu olhar desconfiado lá acabou por acreditar na historia e deixou-me sair com a promessa que voltaria para lhe pagar o jantar, voltei rapidamente para um banco de jardim onde tinha estado a descansar mas a carteira já era… voltei ao Hotel e mal chego a recepção eis que o recepcionista me diz – a sua carteira está na esquadra – uff que alivio, fui logo á esquadra em pé ligeiro (aqui os músculos já não doíam!!!) e ali estava a minha carteira com tudo espalhado em cima de uma secretária mas não faltava rigorosamente nada, explicou-me o policia que tinha sido uma senhora que a tinha encontrado no banco de jardim mas não a queria entregar ao policia, disse que não confiava neles??? Preferia entregar no banco, no entanto como se tratava da autoridade a senhora lá teve que deixar a carteira com o polícia.
5ª Etapa – Pombal / Fátima
O destino está perto. Esta etapa como ia por atalhos para cortar caminho era-me completamente desconhecida e estava só… ou não? Logo á saída de Pombal eis que aparece uma placa numa arvore a indicar á esquerda Fátima, e dai para a frente fruto do trabalho e simpatia dos peregrinos todo o caminho está marcado, umas setas mais para cima outras mais para baixo mas o suficiente para ninguém se perder, durante este caminho um senhor ao verme a caminhar ofereceu-me uma laranja da sua arvore e como se não chegasse disse leve outra para o caminho, que belas laranjas que me refrescaram pela manhã. Fátima estava perto e como não tinha tempo a perder optei por não parar, nem para almoçar, comprei uma fruta, bananas diz o meu filho que faz bem aos músculos. Tinha planeado quando chegasse a Fátima ir directo ao Hotel tomar um banho e então depois ia ao santuário, no entanto quando comecei a estar pertinho de Fátima parece que tinha um motor ligado ás pernas que só pararam no santuário para agradecer á nossa Senhora me ter concedido a graça ter feito este maravilhoso caminho. Adorei esta nova experiência de ter feito este caminho a pé, e mal cheguei a Fátima prometi a mim mesmo, para o próximo ano se tiver as forças necessárias vou a Santiago de Compostela a PÉ. Obrigado a todos os que me apoiaram em particular á minha mãe que me ensinou este caminho.